41 convidados participaram dos cinco dias de evento em Paraty, no Rio de Janeiro. Edição trouxe novidades, mas foi morna.
Por G1
Flip 2019 — Foto: Walter Craveiro/Flip/Divulgação
A 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) terminou neste domingo (14) e o G1 resume abaixo o que aconteceu no evento.
A Flip 2019 teve 41 convidados, dos quais 22 mulheres e 19 homens. Além disso, houve um pequeno aumento no percentual de autores e autoras negras em relação aos últimos dois anos, quando houve um recorde de participação (30%). Em 2019, o percentual foi de 31,7%.
Veja, abaixo, 5 palavras que definem a Flip 2019:
Luta
Kalaf Epalanga e Gaël Faye debatem com mediação de Marina Person na Flip 2019 — Foto: Walter Craveiro/Flip/Divulgação
Com homenagem a Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões", debates sobre resistência e luta eram quase requisito da edição.
Na noite de quinta (11), Kalaf Epalanga e Gaël Faye divertiram a plateia falando de temas sérios como guerra, imigração e racismo. Os autores criticaram a pouca presença de negros e mestiços na literatura e expuseram a realidade da imigração na Europa e dos conflitos africanos, mas não perderam a oportunidade de fazer piadas durante as falas.
O encontro entre Jarid Arraes e Carmen Maria Machado também foi marcado por temas sérios, como a escassez de autoras negras e o que se espera da literatura LGBT. As escritoras também cativaram o público, mas com emoção e sensibilidade. Com homenagem a Conceição Evaristo, teve até choro durante a apresentação.
Política
Cristina Serra, David Wallace-Wells e Julia Duailibi na Flip 2019 — Foto: Walter Craveiro/Flip/Divulgação
Uma Flip política já era esperada. E coube aos jornalistas David Wallace-Wells, americano e autor de "Terra inabitável", e Cristina Serra, autora de "Tragédia em Mariana: a história do maior desastre ambiental do Brasil", a mesa mais combativa da edição.
Especializados em meio-ambiente e munidos de dados, eles criticaram a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro e a responsabilidade política e econômica por tragédias ambientais, como em Mariana e Brumadinho.
A venezuelana Karina Sainz Borgo e o brasileiro Miguel Del Castillo também transitaram por temas políticos. Karina falou sobre os problemas de seu país, que narra no recém-lançado "Noite em Caracas". E Miguel falou sobre a relação entre religião e governo atualmente no Brasil.
Frieza
Kristen Roupenian e Sheila Heti durante a Flip 2019 — Foto: Walter Craveiro/Flip/Divulgação
Os convidados eram bons, tratavam de temas interessantes e o público esperava ver discussões ferverem durante a programação principal da Flip, mas se deparou com encontros mornos, sem interação entre autores e sem discussão.
Sheila Heti e Kristen Roupenian, duas das mais badaladas da edição, não convergiram e a mesa mais pareceu duas sabatinas sem conexão.
O encontro entre Ayelet Gundar-Goshen e Ayobami Adebayo teve bons momentos e falas contundentes sobre a literatura como arma política, contestação histórica e voz para mulheres, mas também não teve grandes emoções.
Soco
Mario Sérgio Conti entrevista o editor e escritor brasileiro Luiz Schwarcz — Foto: GNEWS
O mesmo marasmo das mesas não foi visto do lado de fora do evento. Na tarde da sexta (12), o presidente da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, se envolveu em uma briga e deu um soco um participante da feira.
E à noite, um grupo de manifestantes protestou contra o jornalista Glenn Greenwald com fogos de artifício. Greenwald palestrou sobre "desafios do jornalismo em tempos de Lava Jato" como parte da programação paralela do evento.
Novidades
Porsha Olayiwola, vencedora do Flip Slam em 2019 — Foto: Walter Craveiro/Flip/Divulgação
Para se reinventar, a edição teve duas novidades: mesas mais curtas, de 45 minutos, às vezes guiadas por apenas um convidado; e o Flip slam, competição de poesia falada.
Seis poetas internacionais duelaram por mais de duas horas na noite de sexta (12). O público interagiu, aplaudiu, riu, cantou e deu notas para os participantes. A vencedora foi a norte-americana Porsha Olayiwola, com versos sobre violência, racismo e corpo.
Também venceu a inclusão: antes da competição, um grupo de jovens de um bairro de periferia da cidade se apresentou e expôs as dificuldades do cotidiano.
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