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Vendas do comércio crescem 0,3% em março, mas recuperação do setor perde fôlego
09/05/2019 11:44 em Todas

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve queda de 4,5%, interrompendo uma sequência de 7 sete meses de alta, segundo o IBGE.

 

Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1 — Rio de Janeiro e São Paulo

 

As vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 0,3% em março, na comparação com o mês anterior, após ficarem estáveis em fevereiro, confirmando um ritmo mais fraco da economia brasileira neste começo de ano, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Na comparação com março do ano passado, o volume de vendas caiu 4,5%, interrompendo uma sequência de 7 sete meses de alta nesta base de comparação. Foi também a variação negativa mais acentuada desde dezembro de 2016 (-4,9%).

 

 

Segundo o IBGE, a queda nesta base de comparação foi pressionada significativamente pelo efeito calendário: por conta do carnaval, março deste ano teve menos dias úteis, e a Páscoa este ano caiu em abril. “Isso traz uma influência forte para uma atividade que tem um peso 48,6%, que é hipermercados", explicou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.

 

Vendas do comércio mês a mês

 

Em %

 

 

No acumulado no ano, a alta ficou em 0,3%. Em 12 meses, as vendas do varejo desaceleraram para 1,3%, ante 2,3% em fevereiro, mantendo trajetória decrescente verificada desde agosto de 2018 e confirmando a perda de força da recuperação do setor.

 

Com os resultados de março, o patamar de vendas do setor ficou 6,1% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado em outubro de 2014, segundo o IBGE.

 

Alta de 0,2% no 1º trimestre

 

 

O comércio fechou o 1º trimestre com alta de 0,2% nas vendas, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o que também mostra uma perda de fôlego do setor. No 4º trimestre do ano passado, houve alta de 0,6%.

 

 

Vendas do comércio no acumulado em 12 meses

Desempenho por atividade

 

Das 8 atividades pesquisadas pelo IBGE, 5 registraram queda no volume de vendas em março, na comparação com fevereiro, com destaque para hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,4%), combustíveis e lubrificantes (-0,8%) e tecidos, vestuário e calçados (-2,5%).

 

“Dois grupamentos fortes, combustíveis e hipermercados, mostram resultados negativos pelo segundo mês consecutivo. Isso tem alguma relação com uma pressão de preços, se observamos a inflação”, avaliou a pesquisadora.

 

Já o indicador de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, avançou 1,1% em março, na comparação com o mês anterior, com veículos, motos, partes e peças registrando crescimento de 4,5% e material de construção com taxa de 2,1%.

 

Por sua vez, a receita nominal do varejo subiu 0,8% na passagem de fevereiro para março, pela série com ajuste sazonal. No confronto a março de 2018, a receita do setor teve alta de 0,2%.

 

Veja o desempenho de cada segmento em março:

 

  • Combustíveis e lubrificantes: -0,8%

 

  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,4%

 

  • Tecidos, vestuário e calçados: -2,5%

 

  • Móveis e eletrodomésticos: -0,1%

 

  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 1,4%

 

  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -4,1%

 

  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 2,9%

 

  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,7%

 

  • Veículos, motos, partes e peças: 4,5%

 

  • Material de construção: 2,1%

 

Para a equipe econômica da Boa Vista, a queda da confiança e o elevado nível de desemprego são os principais fatores por trás do fraco desempenho das vendas do varejo neste início de ano.

 

“Após o fim do impulso da liberação dos recursos do FGTS, setores como o de móveis e eletrodomésticos, principalmente, perderam fôlego. Até há crédito, os juros estão mais baixos, mas a insegurança a respeito do futuro ainda é alta, o que leva os consumidores a evitarem o endividamento", avaliaram os economistas Flávio Calife e Vitor França em nota.

 

Economia perde fôlego no início de 2019

 

A recuperação do setor, assim como a do restante da economia brasileira, segue em ritmo lento, com um nível de consumo ainda bem abaixo do período pré-recessão.

 

Os primeiros meses do ano têm sido marcados por uma perda de força da recuperação econômica em meio a uma frustração de expectativas de empresários e percepção de que a tramitação da reforma da Previdência deverá levar mais tempo do que o inicialmente esperado.

 

Uma série de indicadores têm mostrado uma perda de ritmo da economia e uma maior fraqueza da atividade econômica e do mercado de trabalho.

 

A produção industrial, por exemplo, caiu 1,3% em março, pior resultado desde setembro, e acumulou queda de 0,7% no 1º trimestre, na comparação com o 4º trimestre de 2018. Já a taxa de desemprego subiu para 12,7% em março, atingindo 13,4 milhões de brasileiros.

 

As estimativas para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 também vêm sendo reduzidas e parte dos analistas avalia que, no primeiro trimestre, a economia brasileira deve ter ficado estável ou pode até mesmo ter recuado levemente na comparação com últimos três meses de 2018.

 

De acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central, os economistas dos bancos reduziram novamente a estimativa de alta do PIB e, pela primeira vez, passaram a estimar crescimento abaixo da marca de 1,5% para este ano, após alta de 1,1% em 2018 e em 2017.

 

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