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Produção industrial cai 1,3% em março, pior resultado desde setembro
03/05/2019 10:47 em Todas

Na comparação com março do ano passado, queda foi de 6,1%, segundo o IBGE. Em 12 meses, setor registrou 1º resultado negativo desde agosto de 2017, reforçando a leitura de perda de ritmo e maior fraqueza da economia.

 

Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1 — São Paulo e Rio de Janeiro

 

Indústria da avicultura em Santa Catarina — Foto: Fiesc/Divulgação

 

A produção industrial brasileira registrou em março uma queda de 1,3%, na comparação com fevereiro, eliminando o crescimento de 0,6% observado no mês anterior, segundo divulgou nesta sexta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com mais esse resultado negativo, o setor passou a acumular queda de 2,2% no ano.

 

Trata-se do pior resultado mensal desde setembro do ano passado, quando houve queda de 2,1% na produção do setor.

 

Na comparação com março do ano passado, a indústria caiu 6,1%, queda mais intensa desde maio de 2018 (-6,3%).

 

 

O resultado de março veio pior que o esperado pelo mercado. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de quedas de 0,7% na comparação mensal e de 4,6% na base anual.

 

No acumulado em 12 meses, o setor passou a ter queda de 0,1% – primeiro resultado negativo desde agosto de 2017 (quando também recuou 0,1%), o que confirma a leitura de perda de ritmo e maior fraqueza da economia brasileira.

 

Após esboçar uma recuperação no começo do ano passado, o setor voltou a entrar em uma trajetória descendente em julho de 2018 e, desde então, vem mostrando perda de dinamismo.

 

 

Sem sinais de recuperação

 

Com o resultado de março, o patamar de produção da indústria brasileira ainda segue 17,6% abaixo de seu ponto mais alto, alcançado maio de 2011.

 

 

"Dado que a gente observa todos esses indicadores no campo negativo, podemos dizer que estamos longe de pensar em qualquer trajetória de recuperação, que dirá de uma recuperação consistente”, avaliou

 

Indústria brasileira tem o pior resultado em 6 meses, aponta IBGE

 

Queda de 0,7% no 1º trimestre

 

Na análise trimestral, a produção industrial registrou queda de 0,7%, na comparação com o 4º trimestre de 2018. Já na comparação com os 3 primeiros meses do ano passado, o recuo foi de 2,2%.

 

“Este é o resultado negativo mais intenso desde o 4º trimestre de 2016, quando havia recuado 3,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior”, destacou o gerente da pesquisa. “Desde o 4º de 2017, quando a indústria crescia 5%, o setor vem numa trajetória de redução de ritmo”, acrescentou.

 

Produção industrial em 12 meses
Variação acumulada em 1 ano, em %
Questionado sobre as razões para a piora da produção industrial no país, o gerente da pesquisa apontou para a conjuntura econômica do país, com o mercado de trabalho afetando o consumo das famílias, o que influencia nas decisões de investimento por parte dos empresários. “Há outros fatores que também impactam nessa produção, como a redução de exportações importantes”, acrescentou.
 
Sem sinal de recuperação, indústria mantém trajetória de queda, revela IBGE
 
16 dos 26 ramos pesquisados recuam em março
Em relação à queda de 1,3% na comparação com fevereiro, Macedo apontou que, além da conjuntura econômica, houve impacto negativo na indústria de alimentos, atividade com maior impacto no mês, em decorrência de condições climáticas desfavoráveis.
 
Segundo o IBGE, houve queda em 16 das 26 atividades econômicas pesquisadas, com destaque para produtos alimentícios (-4,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,7%), indústrias extrativas (-1,7%) e outros produtos químicos (-3,3%).
 
"Esse perfil disseminado de taxas em queda dá exatamente a ideia de redução de ritmo da produção”, enfatizou Macedo.
 
16 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE recuaram em março — Foto: Divulgação
 
Entre as grandes categorias econômicas, a única alta foi no setor produtor de bens de capital (0,4%), que registrou o segundo avanço mensal consecutivo. O pior desempenho foi do setor de bens intermediários (-1,5%), seguido por bens de consumo duráveis (-1,3%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-1,1%).

 

No ano, as quatro grandes categorias econômicas e 21 dos 26 ramos acumulam queda na produção. Entre as atividades, a que exerce no ano a maior pressão negativa é a das indústrias extrativas, com queda acumulada de 7,5%, por consequência principalmente dos impactos do rompimento da barragem de Brumadinho na operação da Vale.

 

Já os maiores recuos foram na produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-13,0%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,6%).

 

Produção industrial acumula queda de 2,2% no ano, com recuo em 21 dos 26 ramos pesquisados — Foto: Divulgação

 

Economia mostra fraqueza nos primeiros meses do ano

 

Os primeiros meses do ano tem sido marcado por uma perda de força da recuperação econômica em meio a uma frustração de expectativas de empresários e percepção de que a tramitação da reforma da Previdência deverá levar mais tempo do que o inicialmente esperado.

 

Uma série de indicadores tem mostrado uma perda de ritmo da economia e uma maior fraqueza da atividade econômica e do mercado de trabalho.

 

Na véspera, pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou queda tanto da atividade como do faturamento do setor em março.

 

 

As estimativas para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 também vem sendo reduzidas e parte dos analistas avalia que, no primeiro trimestre, a economia brasileira deve ter ficado estável ou pode até mesmo ter recuado levemente na comparação com últimos três meses de 2018.

 

De acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa dos economistas para a alta do PIB neste ano foi reduzida de uma expansão de 1,71% para 1,70%. Foi a nona queda consecutiva do indicador.

 

 

Para a indústria, os analistas projetam um crescimento de 2% na produção em 2019.

 

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