Na comparação com março do ano passado, queda foi de 6,1%, segundo o IBGE. Em 12 meses, setor registrou 1º resultado negativo desde agosto de 2017, reforçando a leitura de perda de ritmo e maior fraqueza da economia.
Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1 — São Paulo e Rio de Janeiro
Indústria da avicultura em Santa Catarina — Foto: Fiesc/Divulgação
A produção industrial brasileira registrou em março uma queda de 1,3%, na comparação com fevereiro, eliminando o crescimento de 0,6% observado no mês anterior, segundo divulgou nesta sexta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com mais esse resultado negativo, o setor passou a acumular queda de 2,2% no ano.
Trata-se do pior resultado mensal desde setembro do ano passado, quando houve queda de 2,1% na produção do setor.
Na comparação com março do ano passado, a indústria caiu 6,1%, queda mais intensa desde maio de 2018 (-6,3%).
O resultado de março veio pior que o esperado pelo mercado. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de quedas de 0,7% na comparação mensal e de 4,6% na base anual.
No acumulado em 12 meses, o setor passou a ter queda de 0,1% – primeiro resultado negativo desde agosto de 2017 (quando também recuou 0,1%), o que confirma a leitura de perda de ritmo e maior fraqueza da economia brasileira.
Após esboçar uma recuperação no começo do ano passado, o setor voltou a entrar em uma trajetória descendente em julho de 2018 e, desde então, vem mostrando perda de dinamismo.
Sem sinais de recuperação
Com o resultado de março, o patamar de produção da indústria brasileira ainda segue 17,6% abaixo de seu ponto mais alto, alcançado maio de 2011.
"Dado que a gente observa todos esses indicadores no campo negativo, podemos dizer que estamos longe de pensar em qualquer trajetória de recuperação, que dirá de uma recuperação consistente”, avaliou
Indústria brasileira tem o pior resultado em 6 meses, aponta IBGE
Queda de 0,7% no 1º trimestre
Na análise trimestral, a produção industrial registrou queda de 0,7%, na comparação com o 4º trimestre de 2018. Já na comparação com os 3 primeiros meses do ano passado, o recuo foi de 2,2%.
“Este é o resultado negativo mais intenso desde o 4º trimestre de 2016, quando havia recuado 3,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior”, destacou o gerente da pesquisa. “Desde o 4º de 2017, quando a indústria crescia 5%, o setor vem numa trajetória de redução de ritmo”, acrescentou.
No ano, as quatro grandes categorias econômicas e 21 dos 26 ramos acumulam queda na produção. Entre as atividades, a que exerce no ano a maior pressão negativa é a das indústrias extrativas, com queda acumulada de 7,5%, por consequência principalmente dos impactos do rompimento da barragem de Brumadinho na operação da Vale.
Já os maiores recuos foram na produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-13,0%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,6%).
Produção industrial acumula queda de 2,2% no ano, com recuo em 21 dos 26 ramos pesquisados — Foto: Divulgação
Economia mostra fraqueza nos primeiros meses do ano
Os primeiros meses do ano tem sido marcado por uma perda de força da recuperação econômica em meio a uma frustração de expectativas de empresários e percepção de que a tramitação da reforma da Previdência deverá levar mais tempo do que o inicialmente esperado.
Uma série de indicadores tem mostrado uma perda de ritmo da economia e uma maior fraqueza da atividade econômica e do mercado de trabalho.
Na véspera, pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou queda tanto da atividade como do faturamento do setor em março.
As estimativas para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 também vem sendo reduzidas e parte dos analistas avalia que, no primeiro trimestre, a economia brasileira deve ter ficado estável ou pode até mesmo ter recuado levemente na comparação com últimos três meses de 2018.
De acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa dos economistas para a alta do PIB neste ano foi reduzida de uma expansão de 1,71% para 1,70%. Foi a nona queda consecutiva do indicador.
Para a indústria, os analistas projetam um crescimento de 2% na produção em 2019.
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