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Polícia Civil faz operação na Muzema, onde prédios desabaram no Rio
02/05/2019 11:44 em Todas

Agentes cumprem mandados de busca e apreensão. Desmoronamento matou 24 pessoas no mês passado. Responsáveis pelas construções estão sendo procurados.

 

Por Diego Haidar, Bom Dia Rio

 

Polícia cumpre 20 mandados de busca na investigação sobre desabamento de prédios na Muzema

 

Agentes que investigam a tragédia na Muzema, na Zona Oeste do Rio, fazem uma operação, na manhã desta quinta-feira (2), para cumprir 20 mandados de busca e apreensão na região.

 

O objetivo da ação é encontrar documentos, computadores e materiais que ajudem a chegar aos responsáveis pela construção e venda dos apartamentos dos dois prédios que desabaram na comunidade no dia 12 do mês passado. Vinte e quatro pessoas morreram.

 

Equipes estão em endereços também nas zonas Sul e Norte e na Baixada Fluminense. Há mandados ainda na Paraíba e em Pernambuco, no Nordeste.

 

 

Três homens apontados como responsáveis pelos imóveis estão foragidos. O Disque Denúncia oferece a recompensa de R$ 1 mil por informações que levem à prisão deles.

 

Disque Denúncia oferece recompensa por suspeitos de construir prédios que desabaram na Muzema — Foto: Divulgação

 

José Bezerra de Lira, conhecido como Zé do Rolo; Renato Siqueira Ribeiro; e Rafael Gomes da Costa tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça. Os três foram indiciados por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

 

Na operação desta quinta (2), a polícia também procura outros responsáveis. Desde o começo da manhã, os agentes fazem buscas na Associação de Moradores da Muzema. A ação conta com agentes da 16ª DP (Barra) e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).

 

“Estamos recolhendo todo e qualquer material eletrônico. Estamos verificando folhas, anotações, tudo que possa nos fornecer elementos para que possamos fazer a instrução do nosso inquérito. São vários os alvos e hoje estamos investigando e fazendo diligências em 20 lugares espalhados”, destacou a delegada Adriana Belém, titular da 16ª DP (Barra).

 

Ramificações

Além dos prédios na Muzema, a polícia investiga se apartamentos em outras regiões do Rio e até em estados do Nordeste também pertencem aos integrantes dessa milícia.

 

O chefe da quadrilha na região, segundo investigações do Ministério Público, é o major Ronald Paulo Alves Pereira, um dos alvos da operação Os Intocáveis, preso no início do ano.

 

Os criminosos também praticam agiotagem (empréstimos com juros extorsivos) e controlam a venda ilegal de serviços como luz, gás e TV a cabo.

 

O major também é investigado por envolvimento no Escritório do Crime — grupo de matadores profissionais suspeito de executar várias pessoas no Rio.

 

Anos antes de ser preso, o major Ronald foi homenageado em 2004 pelo então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que propôs uma moção de louvor a ele na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj).

 

A Prefeitura afirma que os prédios que caíram eram irregulares e que mandou interditá-los, mas uma liminar da Justiça impediu a demolição.

 

 

"Temos investigações na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente que essas organizações criminosas vêm atuando com grilagem, desmatamento, parcelamento irregular de solo e diversos crimes ambientais", disse o delegado Antonio Ricardo à TV Globo em outubro.

 

Dois prédios desabaram na Muzema deixando 24 pessoas mortas — Foto: Reprodução/JN

 

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