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COMANDANTE DE COMPANHIA DA POLÍCIA MILITAR FALA SOBRE ACUSAÇÃO DE TRUCULÊNCIA E RACISMO CONTRA SECRETÁRIO DO PSOL
26/04/2019 07:04 em Todas

O comandante da 83ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), unidade subordinada ao Comando de Policiamento Regional Oeste (CPRO), Major PM Fábio Santana declarou em entrevista à nossa reportagem, na manhã desta quinta-feira (25), que a corregedoria do órgão não recebeu qualquer denúncia contra os policiais militares acusados em nota publicada pelo diretório do PSOL de Barreiras, de truculência e racismo, contra o secretário geral do diretório municipal do partido, Victor José Silva de Sena, na manhã de domingo (21/04/2019), às margens do cais de Barreiras.

O Major declarou que não há como iniciar investigação sobre a declaração publicada nas redes sociais e emissoras de rádio, sem que haja denúncia formalizada na instituição (Polícia Militar).  Os acusados pelo partido são dois policiais militares. “Recebi a nota de repúdio do PSOL e um vídeo, onde não percebi exagero durante a abordagem”, comentou o comandante.

No Boletim de Ocorrência (BO) da delegacia do complexo policial do bairro Aratu, os policiais narraram que Victor demonstrou nervosismo ao avistar a viatura em ronda no centro da cidade, na rua presidente Vargas. Ressaltam que ele desobedeceu a ‘voz de abordagem’, declarou que não admitia ser revistado por ser advogado e ameaçou processar os policiais, ao mesmo tempo em que os acusavam de agressão moral e física.

Os militares afirmam que a resistência e desobediência de Victor os abrigaram a algemá-lo. Em seguida, apreenderam seu aparelho celular, e ao mesmo tempo constataram que ele não portava documentação pessoal.

Membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Hilton Coelho (PSOL) também emitiu nota solicitando que a Secretaria de Segurança Pública (SSP), em especial as Corregedorias de Polícia Civil e Militar apurem a denúncia com rigor.

Nota do PSOL/Barreiras

PSOL BARREIRAS REPUDIA VIOLÊNCIA POLICIAL/ RACISMO INSTITUCIONAL CONTRA VICTOR SENA, SECRETÁRIO GERAL DO PARTIDO

Na manhã do domingo de Páscoa, 21 de abril de 2019, por volta de 10 horas da manhã, o Secretário Geral do Diretório Municipal do PSOL Barreiras, Victor Sena, foi vitima de violência policial enquanto passava de bicicleta no Cais da cidade.

Os soldados da PM Wellington Nascimento e Valério dos Santos, ao verem um jovem negro e sujo de terra, por ter estado em um jogo de futebol, o mandaram parar e se posicionar para abordagem policial. Com as mãos na cabeça e com as pernas abertas, Victor Sena foi covardemente agredido pelas costas pelo PM Wellington Nascimento, através de chute, torções no braço direito e socos no lado direito do corpo. Enquanto tentava argumentar e chamar atenção do outro soldado, era apenas repelido pelo SD PM Valério dos Santos, que gritava “cala a boca, que você só está se complicando!”.

O nosso companheiro foi abordado por dois policiais que sequer pediram a sua identidade, que não encontraram nada ilícito, mas que desde o início da abordagem demonstraram truculência e abusaram das agressões verbais. O jovem de 25 anos passou cerca de 30 minutos submetido a ficar sentado no chão, aguardando uma viatura que coubesse a bicicleta, o que fez juntar três viaturas e oito policiais ao seu redor enquanto dezenas de transeuntes testemunhavam o ocorrido.

Encaminhado à delegacia, ficou por cerca de cinco horas, tendo sido ridicularizado pelo Delegado de plantão, que reconhecendo sua condição de vítima disse ter como dever transformá-lo em acusado por conta da existência de uma diligência da Polícia Militar. Enquadrando o militante do PSOL no crime de “desobediência”, conforme Termo Circunstanciado de Ocorrência.

Nós, do Partido Socialismo e Liberdade, sabemos que a conduta dos dois PMs e do Delegado não são fatos isolados, muito pelo contrário, esta tem sido, historicamente, a conduta da Polícia Militar e Civil frente a sujeitos considerados com perfil de criminosos – pobres e negros: é o racismo institucional. O ocorrido com nosso companheiro Victor Sena não foi algo pontual, mas é um relato muito comum de jovens – mulheres e homens em Barreiras, que não deve ser tolerado.

Manifestamos a nossa solidariedade ao companheiro vítima da violência por parte de um segmento de segurança pública, bem como compartilhamos da indignação pela situação vexatória ao qual foi submetido. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL-Barreiras) não irá se limitar a lamentar mais um caso de violência policial em Barreiras e ao trazer o fato à tona, exigiremos medidas que façam o Estado garantir a dignidade da pessoa humana em nosso município.

Barreiras, 22 de abril de 2019.

Nota do deputado Hilton Coelho (PSOL)

Publicado: 23 Abril 2019

Membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Hilton Coelho (PSOL) recebeu denúncias do Diretório Municipal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de Barreiras. “Solicito que a Secretaria de Segurança Pública (SSP), em especial as Corregedorias de Polícia Civil e Militar, apurem com rigor as violências sofridas por Victor Sena, secretário-geral do Diretório Municipal de Barreiras, na manhã de domingo de Páscoa, 21, por volta de 10 horas”, disse.

 

O parlamentar recebeu o relato de que dois policiais militares detiveram Victor Sena. “Ao verem um jovem negro e sujo de terra, por ter estado em um jogo de futebol, o mandaram parar e se posicionar para abordagem policial. Com as mãos na cabeça e com as pernas abertas, Victor Sena foi agredido pelas costas através de chutes, torções no braço direito e socos no lado direito do corpo. Enquanto tentava argumentar e chamar atenção do outro soldado, era apenas repelido aos gritos de ‘cala a boca que você só está se complicando’. Nem ao menos seus documentos de identificação foram pedidos”.

 

Segundo denúncias do PSOL de Barreiras, “o jovem de 25 anos passou cerca de 30 minutos submetido a ficar sentado no chão, aguardando uma viatura que coubesse a bicicleta, o que fez juntar três viaturas e oito policiais ao seu redor enquanto dezenas de transeuntes testemunhavam o ocorrido. Encaminhado à delegacia, ficou por cerca de cinco horas, tendo sido ridicularizado pelo delegado de plantão, que reconhecendo sua condição de vítima, disse ter como dever transformá-lo em acusado por conta da existência de uma diligência da PM. Enquadrando o militante do PSOL no crime de ‘desobediência’, conforme Termo Circunstanciado de Ocorrência”.

 

Hilton Coelho afirma que os atos da PM e do delegado demonstram racismo institucional. “Quando autoridades policias entendem que um jovem negro deve ser marginal apenas por sua cor, a isso podemos chamar de racismo. O ocorrido com nosso companheiro Victor Sena não foi algo pontual, mas é um relato muito comum de jovens em Barreiras e demais cidades da Bahia, que não deve ser tolerado. Manifestamos a nossa solidariedade e apoio ao companheiro vítima da violência por parte de um segmento de segurança pública, bem como compartilhamos da indignação pela situação vexatória ao qual foi submetido. Basta de ataques à juventude negra e pelo fim do racismo”, conclui.

 

 

Alô Alô Salomão

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