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Caminhoneiros criticam alta do diesel e ameaçam greve em 10 dias
18/04/2019 12:49 em Todas

Paralisação em todo o país estava marcada para o dia 21 de maio, mas, com o reajuste do combustível, categoria promete antecipar movimento

Por Clara Valdiviezo

 

 

Grupo de caminhoneiros critica o aumento de dez centavos de real no valor do diesel anunciado nesta quarta-feira (17), pela Petrobras. Há ameaças de paralisação em todo o país em um prazo de, no máximo, dez dias.

 

“Esse governo está louco”, afirma o caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco, que foi considerado um dos líderes da greve de 2018. Segundo ele, dez centavos não é pouco para categoria. Ele exemplifica dizendo que gasta 9.000 litros em combustível por mês e, com o aumento de dez centavos, o custo subirá em 900 reais.

 

“Eu deixei as minhas intenções bem claras para o governo federal. A paralisação estava marcada para o dia 21 de maio, mas, se houvesse aumento no preço do combustível, íamos parar tudo antes”, afirma Dedéco. Ele acrescenta que, se fosse por ele, a paralisação começaria já na segunda-feira (22), mas, como o grupo precisa decidir em conjunto, o prazo não passaria de dez dias.

 

A solução defendida pelo caminhoneiro para o problema seria estagnar o preço do diesel até que haja um piso mínimo para o frete. “O preço do combustível sobe e o fret não. A conta não fecha”.

 

Ele ainda afirma que a liderança dos caminhoneiros que está em contato com o ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni, não representa a classe. “Muitos deles nem têm caminhão. Eles não sabem o que é viver como a gente.”

 

Reajuste do Diesel

 

Após a interfer~encia da semana passada de Jair Bolsonaro na política de preços da Petrobras, que fez a companhia voltar atrás no reajuste divulgado, o presidente da cmpanhia, Roberto Castello Branco, anunciou nesta quarta-feira (17), aumento de R$ 0,10 no preço do diesel nas refinarias, para, em média, 2,2470 reais o litro. o novo valor já entra em vigor a partir desta quinta-feira (18).

 

O reajuste é de 4,8%, em média, abaixo dos 5,7% que foram anuncia na semana passada e depois cancelados. Naquele dia, o aumento seria de R$ 0,12 — de 2,1432 reais para 2,2662 reais por litro. Segundo Castello Braco, a alta foi menos porque o frete marítimo caiu.

 

Questionando sobre o reajuste no diesel impactar na decisão dos caminhoneiros de fazer nova greve, castello Branco afirmou que foi justamento essa preocupação que o fez adiar o ajuste na semana passada. “Todos nós sofremos com a greve dos caminhoneiros no ano passado. foi com base nisso que sustei o ajuste”, disse.

 

Entenda o caso

 

Na quinta-feira (11), a Petrobras anunciou um reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel, mas mudou de ideia horas depois. A alta no preço do combustível seria a maior desde que os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da petroleira, Roberto Castello Branco, assumiram os cargos, e mediante a tensão com os caminhoneiros, Bolsonaro admitiu ter ligado para Castello Branco para conversar sobre o valor. Um dia após o episódio, as ações da Petrobras despencaram e a estatal perdeu 32 bilhões de reais em valor de mercadoria em apenas um dia.

 

No mês passado, a Petrobras, a pedido do governo diante de ameaça de greve dos caminhoneiros, entendeu o prazo de reajuste do combustível. A companhia se comprometeu a não fazer reajustes inferiores a 15 dias. Anteriormente, a empresa adotava uma política de mantê-los estáveis por curtos períodos de tempo de até sete dias.

 

A Petrobras tem informado que sua política de preços busca a paridade de importação, tendo como referência indicadores internacionais como câmbio e petr´pleo, em busca de rentabilidade. Eventuais perdas com a manutenção dos preços seriam evitados com hedge.

 

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