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'Ele mirou em mim quando foi atirar e a arma falhou', diz sobrevivente de massacre em Suzano.
16/03/2019 13:27 em Todas

 

 

'Ele mirou em mim quando foi atirar e a arma falhou', diz sobrevivente de massacre em Suzano

 

Gabriel estava com dois amigos, um está internado no Hospital das Clínicas e o outro, Claiton, morreu. 'Foi um momento de desespero sem reação do que fazer', diz.

 

Por Ellen Nogueira, TV Globo

16/03/2019 10h00

 

                                     

                                    Gabriel Martins Margarida, 16 anos, sobrevivente do massacre na escola em Suzano — Foto: Arquivo pessoal

 

Gabriel Martins Margarida, 16 anos, sobreviveu ao massacre na Escola Estadual Raul Brasil em Suzano, na última quarta-feira (13), porque a arma de um dos assassinos falhou. Oito pessoas morreram no ataque.

 

Era a hora do intervalo na escola. Gabriel, estudante do 2º ano do Ensino Médio, acenou para o colega Claiton Antonio, 16 anos, e foi conversar com os amigos em frente ao portão do Centro de Estudos de Línguas (CEL), que fica dentro da escola.

Foi quando ouviu um barulho. Olhou para trás, viu que os colegas começaram a correr. "Não tinha para onde ir, o portão do CEL estava trancado", conta.

O assassino, que usava uma máscara de caveira, chegou perto e começou a atirar. Mirou no estudante Anderson Carrilho, melhor amigo do Gabriel, e deu três tiros. "Ele estava a mais ou menos um metro de distância de mim", diz.

Gabriel conta que as balas do revólver acabaram.

                                 

                    "Foi aí que o assassino virou de costas para

                     recarregar a arma e virou para nós novamente.

                     Ele mirou em mim, quando foi pra atirar, a arma falhou".

                     O estudante conta que naquela hora imaginou que fosse morrer.

                    "Foi um momento de desespero sem reação do que fazer."

 

No desespero, Gabriel e os colegas conseguiram arrombar o portão do CEL. Eles se trancaram em um banheiro e ligaram para a polícia. "O assassino ouviu a gente ligar para a polícia, tentou arrombar a porta com chutes". Foi aí que Gabriel diz ter ouvido os dois últimos disparos. Em seguida, os policiais pediram para eles saírem de dentro da escola.

 

Gabriel agora recebe o apoio da família para tentar voltar à vida normal. "Esse é meu herói, minha vida. Um bom menino. ele está bem abatido, mas com fé vai superar o que passou", afirma a mãe, Silvia Martins.

 

 

O colega Anderson Carrilho está na UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo e teve uma melhora no seu estado de saúde. De acordo com seus familiares, ele acordou e conseguiu se comunicar.

Já o outro amigo, Claiton Antonio, 17 anos, foi uma das vítimas fatais. A professora de inglês Jacqueline Mota deu aula para ele durante 5 anos. E chama a atenção para o quanto esse estudante era dedicado. "Ele era incrível. Aluno esforçado, respeitoso, dedicado".

Jacqueline mostra uma troca de mensagens entre os dois, em que Claiton pede indicações de livros para melhorar o inglês. Ela lembra também como eram os seus outros alunos que morreram na tragédia, Douglas Murilo, Caio Oliveira e Kaio Lucas. "Todos tinham famílias muito participativas. Acho que mais aprendi do que ensinei. Meninos de luz, é uma honra fazer parte da história deles."

 

 

Troca de mensagens entre Claiton e a professora Jacqueline — Foto: Arquivo pessoal

Claiton Antônio Ribeiro, 17 anos, uma das vítimas do massacre de Suzano — Foto: Reprodução/TV Globo

 

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